blog 19052023

Abordagem Design Thinking aplicada ao pensamento crítico e criativo em sala de aula

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Descubra como a abordagem Design Thinking ou Pensamento de Design, que se tornou a principal estratégia de inovação de grandes empresas como o Google, Facebook, Apple e Instagram, pode ser aplicada em sala de aula para o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo dos alunos.

Vale lembrar que o pensamento crítico e criativo é uma das 10 competências gerais previstas no âmbito da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Ele envolve o exercício da curiosidade, reflexão, análise crítica, imaginação e da criatividade com base nos conhecimentos das diferentes áreas, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e transformar problemas em soluções criativas e inovadoras

Mas porque a criatividade e a inovação estão no centro desta importante competência? Escutamos com certa frequência que o mundo está mudando, mas na verdade, o mundo sempre mudou e sempre irá mudar. Esta é a única constante na história: a mudança.

O que está diferente, talvez muito em função do surgimento de tecnologias mais acessíveis, é a velocidade, a frequência e a complexidade com que estas mudanças têm ocorrido.  Diante deste contexto, precisamos adequar as ferramentas para conseguir lidar melhor com mudanças cada vez mais rápidas, complexas e frequentes, já que a tendência é que isso se intensifique ao longo do tempo.

Vivemos um contexto de possibilidades infinitas e inimagináveis em que se tornou imperativo questionar velhos paradigmas enraizados no modelo industrial, pautado em processos rígidos e bem definidos de comando e controle e em que repetimos os mesmos padrões eternamente querendo obter resultados diferentes. O contexto atual não cabe mais no velho modelo industrial. Não podemos ensinar nossos alunos como alcançar novos mundos utilizando velhos mapas.

Precisamos preparar a nova geração para tomar decisões em ambientes cada vez mais caóticos, incertos e não lineares, onde não existem respostas prontas. Precisamos desenvolver o pensamento crítico e criativo para que sejam capazes de inovar e encontrar soluções que respondam adequadamente a este novo contexto! Desta forma estarão preparados para esperar e lidar com o inesperado ao longo de qualquer jornada.

A inovação, portanto, parecer ser o caminho mais certo para este novo contexto e o pensamento crítico e criativo pode ser um grande aliado na sua construção.

Mas afinal, o que é inovação?

O senso comum tende a explicar a inovação como algo extremamente revolucionário. Mas existe uma forma mais simples de explicar o significado de inovação que tem como base o fator humano.

Sob esta ótica de pensamento, a inovação nasce de uma necessidade humana e não da tecnologia. A tecnologia é somente o meio que permite acelerar e amplificar o processo de atendimento desta necessidade.

Uma solução inovadora, portanto, deve ser criada com base no quanto ela é capaz de atender a um desejo ou necessidade relevante de forma diferente e melhor do que as soluções que já existem. É exatamente nesse ponto que o Design Thinking se torna uma oportunidade para desenvolver o pensamento crítico e criativo para a inovação.

Design significa projetar. E quando a gente projeta, nós projetamos algo para alguém. Assim como um designer de móveis projeta uma cadeira pensando no conforto, ergonomia e estilo de quem irá utilizá-la, um designer de pensamento desenha uma solução de acordo com a necessidade do seu usuário. Segundo o pensamento de design ou design thinking, a mentalidade de inovação é construída a partir da lógica de pensamento de como criar soluções que tenham valor percebido pelo usuário, ou seja, que vão ao encontro do que eles realmente querem e precisam. É um modelo mental que coloca as pessoas, suas interações e comportamentos no centro do processo de inovação.

Mas na prática, como podemos aplicar este modelo mental em sala de aula?

Com o objetivo disseminar o design thinking pelo mundo como uma disciplina para solução de problemas, uma instituição britânica especializada no tema, sistematizou, entre 2002 e 2004, a abordagem em um processo visual denominado Duplo Diamante.

A abordagem do Duplo Diamante sintetiza o processo de design em um diagrama que possui 4 estágios: Descoberta, Definição, Desenvolvimento e Entrega.

Estes estágios se combinam formando uma abordagem interativa que alternam momentos de convergência e divergência de pensamentos em um movimento que lembra o desenho de dois diamantes unidos, o duplo diamante. O primeiro diamante é o problema e o segundo a solução.

Iniciamos o processo a partir da escolha de um desafio ou tema instigante, uma temática que não leve a respostas, mas nos ajude a fazer mais perguntas, que nos leve a querer pesquisar mais sobre o contexto. Ele é o ponto de partida do projeto e o que define a nossa intenção, o que queremos mudar.

O primeiro estágio, a etapa de descoberta, é uma fase expansiva ou divergente em que os alunos tentarão reunir o máximo de informações possíveis sobre os problemas relacionados com o desafio ou temática. Eles exercitarão o pensamento crítico para entender a causa, consequência e qual a necessidade real sob a lente de quem enfrenta o problema. A empatia é um elemento importante nesta etapa e deve ser trabalhada pelos alunos para conectá-los com as necessidades reais dos usuários.

O segundo estágio, a etapa de definição, é uma etapa convergente em que os alunos tentarão dar sentido aos dados pesquisados e coletados em campo, utilizando o pensamento crítico para redefinir um único problema a ser resolvido com base em um fator humano;

O terceiro estágio, a etapa de desenvolvimento, é uma etapade pensamento divergente cujo objetivo principal é criar e gerar o máximo de ideias possíveis para resolver o problema em que se está trabalhando e a partir do pensamento criativo, construir protótipos para testá-las.

O quarto estágio, a etapa de entrega, é uma etapa convergente em que, a partir dos aprendizados dos testes dos protótipos com os usuários e do pensamento crítico e criativo, os alunos continuarão evoluindo a solução para implementação.

A entrega é a fase final, mas como dissemos o processo do design é um processo interativo, então você pode voltar com os alunos para quaisquer etapas do processo, sempre que for necessário.

Agora ficou claro o porquê dessa abordagem se chamar Duplo Diamante: são 2 momentos que alternam pensamentos divergentes e convergentes que nos ajudam a compreender melhor um problema e chegar a uma solução ao final.

O pensamento divergente nos ajuda a criar opções, criar alternativas aumentando nosso campo de visão, para só a partir daí tomarmos decisões mais assertivas no momento de convergência.

Você deve ter percebido que cada diamante tem um foco específico no processo. O primeiro diamante sendo o foco no problema. É o momento em que o aluno dá alguns passos atrás para entender com mais profundidade o contexto do desafio.

Já o segundo diamante tem o foco nas soluções, no desenvolvimento de ideias depois de ter uma compreensão mais abrangente do desafio.

O duplo diamante propõe uma mudança significativa de pensamento na forma como os alunos normalmente encarariam um problema. Temos a tendência natural de ao receber um desafio, partir direto para a solução. Com isso corremos o risco de construir coisas que as pessoas não querem e que se tornam obsoletas em um curto espaço de tempo. Agora com o duplo diamante, o aluno aprenderá a buscar mais informações e pessoas para contribuir com o entendimento da necessidade real de um projeto, antes de partir para a construção de uma solução.

A abordagem parte, portanto, da premissa de que o diamante só tem valor e gera resultados se as suas duas partes estiverem unidas, ou seja, um problema ligado a uma solução e vice-versa. Não existe valor em um problema sem solução, assim como não existe valor em uma solução que não está diretamente ligada a um problema a ser resolvido.

Mais do que um processo constituído pelas etapas do duplo diamante, o design thinking propõe para os alunos uma nova forma de pensar criticamente sobre questões relevantes baseada em 4 pilares:

  1. Decisões centradas nas pessoas
  2. Questionar as questões
  3. Construir para pensar
  4. Interagir para evoluir

Quanto às decisões centradas no ser humano, é sobre trazer a empatia dos alunos para o processo. Estimulamos e orientamos os alunos a se colocarem no lugar dos usuários, observando e interagindo com eles para que possam entender o fator humano por trás dos desafios. É sobre trazer a lógica da colaboração para o processo de construção dos alunos, assim eles aprendem a projetar com as pessoas e não somente para as pessoas.

Quanto a questionar as questões, é sobre preparamos os alunos para estarem abertos para mudanças durante o processo de entendimento do problema ou de construção da solução a partir das descobertas.

Quanto a construir para pensar, é sobre os alunos aprenderem transformar ideias em coisas tangíveis para que possam aprender mais sobre o que estão construindo. Segundo David Kelley, fundador da IDEO, “é sobre pensar com as mãos”. Sair do mundo abstrato e ir para o concreto.

Por fim interagir para evoluir, é sobre ensinar os alunos a utilizarem o processo de feedback para repensar e aperfeiçoar as soluções. É essencialmente utilizar a base do pensamento científico, que é explorar hipóteses e estarmos abertos com humildade para descobrirmos coisas novas e partir daí construirmos novas hipóteses. É ensinar aos alunos que o design é um processo de aprendizagem, onde buscamos explorar, errar, entender mais sobre um contexto para daí tomarmos decisões de qual solução tem mais valor para as pessoas e maior potencial de inovação.

Hoje conversamos sobre a importância do pensamento crítico e criativo no contexto atual de rápidas e complexas mudanças e porque a inovação e a criatividade estão no centro desta competência prevista no âmbito geral da BNCC. Também falamos sobre o conceito de inovação centrado nas pessoas e neste sentido como o design thinking e a abordagem do duplo diamante podem ser aplicados na sala de aula para ajudar no desenvolvimento do pensamento crítico e criativo dos alunos para que sejam potencialmente capazes de gerar inovação.

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Até mais e vamos em frente!

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